às vezes sente vontade de poder dançar dentro de si mesma. quer poder voar por entre cada osso, percorrer o lábio de forma soalheira e chegar até à testa para lhe dar o mais doce beijo. às vezes pensa também como seria se fosse capaz de chegar até ao pico mais alto, como seria se pudesse ver o mundo de cima, acompanhada dos seus longos cabelos e curta consciência. cheia de vida, deita-se e ganha o tempo perdido apenas a olhar à sua volta. vê muitos, muitas - muitos - e sente necessidade de ser capaz de um dia poder chegar mais atrasada. quer parar por agora, sentir o que tem para sentir nestes breves momentos em que se deita por baixo da relva da sua pequena e solitária varanda.
eu esqueço o mundo, eu vivo por mim, para mim e para os meus.
erros, desejos e impaciência. é do que o meu cérebro está invadido nestes dias que parecem não acabar. um desabafo sincero é algo que ainda não tinha tido e que me fez ter ainda mais certezas de que elas, as culpadas de tanta culpa, são um jogo que usamos para esconder, com uma espécie de capa preta, algo que não queremos que ninguém veja. cada pessoa que entra merece a culpa que os outros lhe apontam. merece cada dedo que lhe é assinado. eu sinto o meu corpo anotado por mim mesma e não tenho forma de me omitir. tudo agora é preenchido por cinzento, apenas os meus contornos continuam verdes. as cores acabam por me salvar, sempre. [obrigado]
tudo muda e o medo flui por entre portas vazias e desenhadas a frio. encontro-me entre esperanças e um milhão de filmes. por entre escapatórias escritas por mim, em tom de laranja, deixo fugir as minhas extravagantes e já singulares esperanças. quando os dias se tornam incondicionalmente mais longos, pergunto aos poucos verdadeiros que tenho se vale a pena estar aqui e se carregar todos estes tons de azul me pode fazer cair num poço de sensações indesejáveis. depois de acabar o desenho, posso dizer que apenas o vento me caminha e que não sou eu quem me comanda. vou sobreviver aos escuros e ganhar claros a partir de doces vozes desenhadas a lápis de carvão.
um rebanho de momentos. cada palavra sugada pelo seu íntimo lhe custou mil vidas. agora, no fim da longa viagem que é a vida, reflecte sobre situações que gerou, revive cada contacto e, acima de tudo, relembra todos os momentos que teve consigo mesma. sempre que tenta lembrar-se do cavalo de corda ou da pequena bola alaranjada, já rota, a memória já não consegue ver um filme, capta apenas fotografias. já lhe chamaram de insensata e repentina. eu quanto mais a vejo diante de mim e dentro de uma pessoa que amo, mais significado lhe dou. já chega de rótulos e de desculpas. o simples significado que ela dá a um beijo ou a sensibilidade que tem perante um simples toque que percorre a sua face dobrada tiram todo o mal que lhe atribuem. um dia todos lá chegaremos, um dia todos a veremos perante os nossos olhos já brilhantes e caídos.
Nada incomum, nada estranho, perto de nada. O mesmo velho cenário, a mesma velha chuva e não há explosões aqui. Então algo incomum e estranho vem do nada. Vi uma nave espacial voar perto da tua janela, tu viste-a? Vem sentar-te no meu muro, lê-me a história do "O" e conta-me como se ainda acreditasses que no fim do século há uma mudança para nós todos. Nada incomum, nada mudou, estou apenas um pouco mais velha, só isso. Tu sabes quando encontraste isso, há uma coisa que aprendi apenas porque tu a sentiste, quando eles o levaram embora. Algo incomum, algo estranho, vem do nada. Mas eu não sou um milagre e vocês não são santos, sou apenas outro soldado indo para local algum.
[Amie - Damien Rice]
é tempo de mergulhar entre margaridas e de deixar as espinhas para depois. abraço esta flor com a esperança de que a possa usar num futuro bom, num campo verde, repleto de luz, de um calor frio e sempre com uma pequena criança, de vestido clássico vestido, saltando entre as rochas que se avizinham ao meu pensamento. se pudesse corria para lá, viajava até ao espaço onde me deixam brilhar, o único onde descanso. sei que cheiras bem, e podes até estar de cabeça ao sol, as tuas esperanças podem estar a diminuir, mas porquê enviar toda a terra para trás das costas? eu partilho, lá em cima, o quarto da pequena clássica.
with love, alaska
um três indesejado
por mais ventos ou palavras que venham contra mim, o que eu sinto está certo. porque cada letra e cada frase que tenho escrita na testa, apesar de estar num sítio onde só à frente de um espelho posso ler, só a mim me pode dar certezas do que penso ou experimento. quero poder gritar ao mundo que tenho razão, quero fazer um desenho como aos pequeninos se faz, quero soletrar a palavra amor para que todos me percebam. não é difícil perceber-me, prometo. só quero que possam dar-me razão quando digo que a tenho. sempre que perguntam por mim, eu sei de mim, sei onde e como estou - larguem-me.
lá fora só passavam filmes enfurecidos, caras mortas, corpos pesados. na minha frente, por trás do enorme bicho sentado ali, vi passarem luas, vento e ruínas. esse bicho, que carinhosamente cuidava e acariciava algo para onde olhava com o normal e descuidado interesse, chamou a atenção do meu eu. olhei, voltei a olhar e revi-me, em certa parte.
já ao meu lado tinha não o auge do que quero ser, mas um bocado grande disso. a liberdade que tem dentro de si, os rodopios que dá dentro do próprio corpo assustam-me e cativam-me ao mesmo tempo! 'faz-me' bem, como faz a mais. mas sei que a mim, por ser eu a senti-lo, me faz mesmo, mesmo bem. é uma sensação que não consigo explicar, à qual já aprendi a desagarrar-me e com que consigo jogar muito melhor, agora. são poucos dias, num ano, que significam muito. sejam grandes ou pequenos, com ou sem borbulhas, com as bochechas gordas ou não, eu quero esses dias, que tanto bem me fazem. um obrigado e aquela palavra que, para ti, não digo de forma banal.
já ao meu lado tinha não o auge do que quero ser, mas um bocado grande disso. a liberdade que tem dentro de si, os rodopios que dá dentro do próprio corpo assustam-me e cativam-me ao mesmo tempo! 'faz-me' bem, como faz a mais. mas sei que a mim, por ser eu a senti-lo, me faz mesmo, mesmo bem. é uma sensação que não consigo explicar, à qual já aprendi a desagarrar-me e com que consigo jogar muito melhor, agora. são poucos dias, num ano, que significam muito. sejam grandes ou pequenos, com ou sem borbulhas, com as bochechas gordas ou não, eu quero esses dias, que tanto bem me fazem. um obrigado e aquela palavra que, para ti, não digo de forma banal.
depois de uma longa viagem, as batidas consistentes de cada noite ficam dentro da cabeça e continuam a puxar os ombros, os pés e os braços. foi uma viagem pouco cultural, óbvio, mas alargou o meu coração a muita gente. não àqueles que porcamente me olharam, mas sim aos que conseguiram conquistar 4 noites, que conseguiram dar-lhes mais cor. a todos um obrigado do tamanho do mundo pelas barbaridades que diziam, pelos brindes que fizémos, pela guitarra que acompanhou canções pouco dignas, pelos beijos de boa noite, pelas piadas, por tudo. agora, o que fica são as músicas repetitivas mas chamativas, as fotografias e os vídeos de fraca qualidade mas de grande significado.
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