Há palavras surreais que nos confrontam num certo momento, num dado espaço e com a raiva errada. Da mesma forma com que alguns esfregam papéis em caras desconhecidas, eu deito sentimentos para o chão. Faço-o com o maior cuidado que estiver ao meu alcance, luto por trazer a queda a mim; rezo por conseguir não voltar a criar mundos imundos e inúteis. Irei abraçar cada embale que me propuserem, vou colher todos os frutos de cada um e mergulhar nas recordações que possuir sempre que necessitar de recorrer a palavras esgotantes.

Quando nos oferecemos a nós próprios, quando mentimos, quando erramos, quando criamos, sem dar por isso, novos rumos à nossa vida, tentamos fazer com que tudo corra bem. Cortamos laços, reatamos e voltamos a começar. Depois do momento em que

Colocou a mão no peito, respirou para dentro e repetiu a doçura da palavra que era. Questionou a validade da força que tem, se valeria a pena fazê-lo. Tentou uma vez e percebeu que era a altura certa. Voltou, então, ao seu cubículo, para dentro de si e navegou até ao mais profundo sopro que podia transparecer e, nesse momento, uma mancha de energia correu para

Tento começar e recomeçar escrever aquilo que senti e que quero que sintam, mas por mais que tente sei que só com as palavras reais e sinceras podia fazer passar o que quero. Mas essas não vão repeti-las, nunca.
“Em todo o lado essa palavra, repetida ao expoente da loucura.”
teima em fazer a distinção entre o certo e o errado. se, por momentos, parar, percebe que não são esses segundos que lhe dão o que tem, esses segundos são desperdiçados a mentir aos seus tons e a medir cada passo com a cautela que podia ser substituída por um pouco mais de energia. eu dou-lhe as palavras, ela colhe-as e reverte-as em acções. de um momento para o outro o que parecia uma nuvem enrodilhada e escondida por entre estradas subterrâneas, agora é a luz de um novo dia e a força do caminho a percorrer sem olhar para a frente, para o lado, ou para dentro de si.

Vemos olhos serem pisados como uvas, vemos luas sem um sorriso espelhado e mares guiados por confissões. Definimos um protótipo daquilo que nunca completaremos e do conjunto de momentos que aperfeiçoam o último ser que poderíamos encarnar. Passados uns pequenos e suaves segundos vemos os nossos dedos a indicarem e a nossa falsidade a sair para fora, a expressar-se como se expõe naquela ou naquele. Por momentos senti-me agarrada a um pesadelo que num só dia se tornou realidade três vezes. Mordi tornozelos e deixei a minha pele sonhar comigo. Transformei pedaços de pão em água e pastilhas elásticas em adúlteras colunas de som. Deixei escorrer vida que fugiu através da porta que deixo aberta todas as manhãs, a porta que tem proibido a entrada a qualquer pessoa que não eu. Uma das sete chaves está escondida nas mais profundas costas do pescador que tanto nada, nas escamas do peixe que procura e por de baixo das teclas do piano que assobia. O som do melro que canta dentro de toda esta fantasia deixa mil e uma melodias que cantam o mesmo refrão, refrão esse que deixa transparecer sentimentos fundidos, escapadelas repentinas e sonhos pervertidos. Se me deixares eu peço desculpa, mundo.
[dentro de tanta coisa é roubado tempo para isto, que tanto bem me faz.]