Vi, hoje, à frente de uma montra de uma pastelaria, um senhor de estatura média e cabelo branco. os olhos brilhavam-lhe como se neste mundo não estivesse. passei de carro mas todos os pormenores se transformaram em coisas óbvias.
por não terem dinheiro são piores que nós? por terem de nos tirar um euro para almoçar deixam de merecer a vida? se temos um coração tão grande, que bate tantas vezes por segundo, porquê não deixar de rir os minutos em que gozamos com eles e passarmos a vê-los de outra forma? o valor que nós damos a um prato de comida é o que eles dão a um abraço quente numa noite fria! muito daquilo que eu tenho era capaz de dar. dava para poder educar um sorriso brilhante num deles, e bastava a um porque os outros, com o companheirismo que eles ganham entre si, impossível de haver entre nós, sorririam também ao vê-lo feliz. sei, chego a ter certezas, de que todos passamos por eles e nem sequer damos pela sua presença, enquanto que a um de nós, pelo perfume, pela pulseira, pelo casaco, pelos ténis, pela parte ridícula, somos capazes de observar e de invejar por ter a etiqueta vestida. é a falsidade que transforma uma indiferença a um sorriso cínico e que, sem darmos conta, nos confronta todos os dias.
e o mais ridículo é que sou obrigada a usar um eles e um nós.
por não terem dinheiro são piores que nós? por terem de nos tirar um euro para almoçar deixam de merecer a vida? se temos um coração tão grande, que bate tantas vezes por segundo, porquê não deixar de rir os minutos em que gozamos com eles e passarmos a vê-los de outra forma? o valor que nós damos a um prato de comida é o que eles dão a um abraço quente numa noite fria! muito daquilo que eu tenho era capaz de dar. dava para poder educar um sorriso brilhante num deles, e bastava a um porque os outros, com o companheirismo que eles ganham entre si, impossível de haver entre nós, sorririam também ao vê-lo feliz. sei, chego a ter certezas, de que todos passamos por eles e nem sequer damos pela sua presença, enquanto que a um de nós, pelo perfume, pela pulseira, pelo casaco, pelos ténis, pela parte ridícula, somos capazes de observar e de invejar por ter a etiqueta vestida. é a falsidade que transforma uma indiferença a um sorriso cínico e que, sem darmos conta, nos confronta todos os dias.
e o mais ridículo é que sou obrigada a usar um eles e um nós.
Uma sociedade egoísta é o que temos. Mesmo que se pense nos que pouco ou nada tem, ficam comovidos e umas horas depois esquecem-se, voltam a usar e a desperdiçar. Será que alguma vez irá mudar?
ResponderEliminarÉ preciso tanto ganhar alguma coisa em troca para mudar o pensamento de alguns? Um sorriso, um abraço, um beijinho não chega? Materialistas obsessivos o que alguns são!
Entrei no teu espaço via pinguim...Afrada-me a clareza e o conteúdo dos teus textos...Maturidade, temática social...é um espaço para frequentar..
ResponderEliminarinfelizmente, é a (nossa) sociedade. Se alguma vez irá mudar? não.. com a chegada da crise financeira (sim, porque a crise de valores já existia á muito!!), e a diferença entre as posses de cada um, cada vez haverão mais pessoas "abandonadas" á sua sorte..
ResponderEliminare por muito mau que pareça, eles e nós vão passar a fazer do nosso vocabulário diário..
Tens razão (no teu texto) (:
ResponderEliminarFalando do teu comentário... Em que é que sou bom? Só se for a escrever, a andar de bicicleta, e mesmo assim tenho dúvidas, porque no resto... Não sou mesmo bom a nada. :(
Bj*
O que devo então pensar de mim?
ResponderEliminarE como é que paro de falar mal de mim?
Também não sei porque o faço. Quer dizer talvez tenha medo de aceitar o que sou. :/
Não sei. :#
Não podias ter falado melhor, às vezes questiono-me o porquê do ser humano agir assim, porque é que despreza a estatura inferior (e porque é que ela existe?!), mas é verdade, como é que somos capazes de invejar uma etiqueta e esquecer as pessoas que assim vivem?
ResponderEliminarVou seguir*
De facto, nós e eles. Duas realidades distintas...
ResponderEliminarFizeste-me lembrar um jantar a que fui no mês passado á Baixa. andava por lá um velho com um saco de plástico na mao a pedir o resto da comida ás pessoas. provavelmente sendo aquele o seu jantar, ou até mesmo a sua unica refeição do dia.
ResponderEliminare para mais ridiculo ainda. o saco estava vazio, e ele já vinha desde o fundo da Rua Augusta, passando por tantas esplanadas de restourantes... é mesmo muito triste.