Há músicas que nos tocam tanto. E dessas, tenho um conjunto que me leva para outro sítio.
Uma delas já não ouvia há muito tempo e ela tem um significado inexplicável. Recentemente confrontou-me por duas vezes. Faz-me lembrar um fundo azul, com verde e laranja à mistura. Lembra-me o escritório do coração, o objecto que traça um som que controlo, os tempos em que vivi sufocadamente. E é por voltar a ouvi-la tantas vezes, sem ser por vontade própria, que me obrigo a mim mesma a recordar esses tempos em que o céu era negro, o ar estava sujo e em que a minha alma deformava, sem perceber, o perfeito. Todas as cores estavam manchadas e desiludidas por não serem transparentemente doces. E agora ouço-a e encaro-a de outra forma – vejo uma mudança, positiva, que me invade o olhar íntimo que dou a mim própria.
Entendo haver em toda obra e arte espécie de maturação. Elas não são estáticas, não permanecem sempre do mesmo jeito. Numa outra perspectiva, elas provocam reações distintas em nós que estamos em constante movimento.
ResponderEliminarCadinho RoCo
È essa mutação que nos leva a gostar tanto duma coisa e que, caracteriza bem a qualidade. Ainda bem para ti que agora é mais positiva XD
ResponderEliminarTambém gostei muito daquele poema, é-me muito pessoal. Tens de ler mais de Clarice Lispector, uma grande escritora. Têm uma frase que adoro. "Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome"
obrigado pelo comment. Escreves muito bem, parabéns =)
ResponderEliminarA musica faz milagres.
ResponderEliminarHá memórias que custam mas sabe tão bem depois olhar para elas com um sorriso no rosto...
E se a elas tivermos uma musica, sabe tão bem voltar a ouvi-la sem compromissos com tempos passados...
Oh well, (: LOL