Vermelhão

A pouco e pouco cria-se um canto macio, um espaço em que se abreviam as feridas todos os dias, todas as noites. Eu entendo esse lado como sendo positivo porque é onde se podem criar sonhos e esperanças, onde se formam rios de recordações e onde se transforma uma negra nuvem em palavras belas e claras. Faz de uma rosa vermelho difícil, uma flor que, na minha memória, tem um tom creme, leve e azul. Aí, consigo transformar mares de mentira em sorrisos simples mas cálidos. Afinal, todos podemos remodelar um trono cruel em retratos cuidados e pintados com as fantasias que a nossa alma autêntica molda, porque a minha vivência é sempre marcada por cores e sons que eu traço, nada é real, tudo se trata dessa fotografia que embelezo com palavras cores-de-laranja, azuis, verdes ou roxas. Se não pintarmos o nosso mundo, a nossa existência, tudo o que presenciamos se torna numa rotina com falta da pimenta que esta vida exige.

Ainda bem que o Tejo é lilás.

2 comentários:

  1. a pouco e pouco gostamos dets blog, com cores, com palavras arrumadinhas e guardadas com esmero, com pimenta...

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  2. È espectacular misturar tudo na nossa cabeça, fechar os olhos e, com eles fechados, ver o nosso mundo, que por ser imaginado, parece mais real e não efémero como o que me contam, não consigo conceber esse mundo, para mim tudo é outra coisa, e é isso que dá beleza as coisas. E tu, fazes isso na perfeição nos teus textos :D

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