Espera!

O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?
(Clarice Lispector)

Para que querer saber que estou a beber água se de facto o que estou a fazer é matar a sede? O que eu faço, todos os dias, é navegar no rio que atravessa o meu chão, colher todas as flores que encontro e cumprimentar todos os leões ou pássaros que vejo! O Homem acaba a vida a medir passos, a seguir carreiras ou a traçar caminhos. Eu descobri, com o tempo, que o importante não é, de longe, agarrar-me a nada, nem ter de pensar no que tenho de fazer amanhã para poder ser feliz e ter um dia melhor. Eu tento viver cada momento com a sua graça, retiro de cada gesto uma recordação e de cada sonho que tenho, guardo, com a força que aprendi a ter, aquilo que tenho de trazer para a realidade. A partir daí os caminhos traçam-se, os dias conquistam sempre a sua pureza instintiva e o tempo, em vez de correr, passeia.

4 comentários:

  1. Resumindo, viver o presente, (sempre!) e não o futuro!

    Grande texto :)

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  2. Muito bem, adorei o texto. A Clarice é mesmo um poço de inspiração. E têm muito a ver contigo. :D
    Excelente interpretação, tens muita razão no que dizes mas, eu sou mais Fernando Pessoa, onde as pessoas vêem uma coisa eu tento ver o que está por trás e pensar em tudo, isso é que me interessa. Mas é claro, é sempre bom viver o presente, nem que seja apenas para esquecer.

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  3. Sê paciente; espera
    que a palavra amadureça
    e se desprenda como um fruto
    ao passar o vento que a mereça.

    fez me lembrar este poema de Eugenio de Andrade, nao sei pq.

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  4. um grande aparte: foste ver o David Fonseca a Lisboa em Abril de 08?

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