As vestes envidraçadas viraram agora cinzas nessa cadeira consumida por olhares indiscretos. Depois de gastos uma e outra vez, os ouvidos já não correm e pararam para dar atenção ao lar, ao toque, ao aroma das roupas lavadas, do chão molhado e da mala por abrir. Quer-se um mundo, uma estrada, uma viagem sem destino, um marco para a vida inteira. Esse vai fazer com que o nariz corra sem pés, nade sem mãos, vai permitir que um mar de ideias, de recordações e de correrias desiguais fujam e parem num fresco recomeço. Desta vez não há solidão, não há espaços vazios, não há pontos finais; há milhares de vírgulas e de correrias descontroladas até ao fim das frases nascidas no fim dos nossos tempos.
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