palavras duras como pedras que furam e arrancam pontos à cara de um sem-abrigo. a jarra verde, que estava pousada na mesa condecorada por ele, está agora deitada no chão, divida entre si mesma, entre o esquerdo e o direito, não sabe se sim ou se não. quer muito decidir, mas, quando olha para aquele abajur rasgado por vozes grossas e duras, sente-se confortado com aquilo que é, obriga-se a aprender a esperar, a deixar que o vento ande por si mesmo, que a luz se guie a si própria e que os mares, como dizem nas histórias de encantar, não têm fim. quando alguém chega, a esperança de ser salva cresce, cresce até ao ponto de se conseguir levantar e arrancar palavras assustadas desses que pensam ser os reis do mundo. quer muito ser como eles, gostava de conseguir falar mesmo quando assustada, mas de que nos serve querer ser como os outros se sempre vamos ser como nós? assustados.

3 comentários: