apetece-me beber uma garrafa de céu e voar por entre os ramos da relva, esses que se apoderam do sabor verde da vida. apetece-me varrer todos os pontos finais, engolir todos os suspiros, correr atrás de caras feias, sonhar com o vôo que ganhei no outro dia, agarrar bolas anti-stress e fazê-las explodir; apetece-me tanto voar, subir alto, descer baixo e seguir sempre na diagonal direita, nessa que, sem saber, é a mais importante, a que me conta mais segredos todas as manhãs, a que me deixa sorrir ou chorar o tempo que eu quiser ou precisar. emoções fazem bem, voar faz bem, voar faz mesmo mesmo bem. queria tanto ir para longe hoje, para longe do chão e da terra. um dia ...
sorrisos espelhados no chão por onde pés descalços passaram. um sorriso transporta tanta energia e tanto alento, deixa-te levar por ele que acabas num rio de lágrimas alegres, numa chama quente e dilacerosa, numa cama sugada por ti mesmo. deixa que a maré te leve, que os sons te transportem para o seu mundo e, assim, vais conseguir nunca atingir a palavra dúvida; porque dúvidas é o que queres longe agora. bem perto só queres mesmo o calor amigo ou as palavras que ficaram por dizer, aquelas em que pensaste mas decidiste guardar só para ti, só para aqueles que te acompanham nas pontas dos dedos, aqueles que sorriem desde da cabeça aos pés. deixa-te levar pela acriançada música e sorri.
são como sombras que invadem casas destroçadas por vozes inequietas; todos os pontos finais se converteram em exclamações e todas as exclamações ficam à porta, sem entrada prevista. não tentes correr, o tempo resolve tudo, prometo. prometo conseguir devolver-te a Vida e fazer com tudo torne a ter rosas no final, fazer com que a estrada seja mais curta e que os passageiros sejam corajosos, tenham bravura ao seu lado e consigam lutar pelas cores e sabores por que tanto anseias. prometo cantar-te a tua música favorita e cozinhar-te os pratos que mais gostas. deixa-me só abrir a porta e sussurrar as palavras que nos distinguem. se sabes que os teus dedos conseguem escrever longas e belas baladas porque tens medo? tenta fazer com que um sorriso teu faça milhares de vozes falarem. sei que tudo pode ter um fim, que as histórias podem ser negras e que os teus reflexos podem transformar-se em frases inacabadas, mas porque não arriscar? a vida é isso, arriscar.
Se pudesse roubava todas as rosas do mundo. Pintava o céu de verde e o alcatrão virava amarelo. Era ridículo, verdade, mas era pintado por mim. Era eu quem governava o mundo das cores que tanto amo e faço por tornar repetitivo. Dava ainda mais para poder trazer a brisa marinha segundo sim, segundo não. Se quisesse chegar a um lugar, tinha de passar por cima da relva amarela e sempre que voasse tocava no céu verde. Um sonho foi assim, agora vou tratar de arranjar os pincéis e os doces e humildes guaches (...).
Essa casa existe. Passei por ela e logo percebi o significado da palavra energia. O pó tem energia, é ele que aquece a madeira fria, o soalho gelado e os painéis de solidão. Essa casa foi construída para eles - os encarnados rostos que pisam a areia esfomeada. Os copos pousados na velha mesa demonstram os sentimentos já maduros que por ali passaram. Nas botas arroxeadas vi sorrisos, neve e rebuscadas palavras que embelezaram a divisão amorosa do coração. Senti um arrepio que desceu as costas e que quand chegou aos pés me obrigou a dar um passo até ao passado e a recordar as sementes que colhi.
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