uma folha de papel que não pode ser escrita, que foi fechada a sete chaves, coberta por telhas antigas. se, se, se, odeio ses escritos. desci os três degraus que se aclaravam pelo céu que agora me cobria, cheguei ao chão e suspirei de alívio - cresci. não cresci em altura ou idade, os meus sentimentos cresceram do positivo para o negativo, diminuiram. senti essa chegada, sorri e aceitei como um pássaro aceita não poder cantar quando o bico se estraga. quando quis gritei, ouvi passos chegarem, cantei gargalhadas, senti arrependimento, caminhei uns minutos e, agora, voltava atrás. sim, voltava.

3 comentários:

  1. Teoricamente parece sempre mais fácil do que na realidade...

    Não se pode voltar atrás, mas pode-se lutar para que algo mude no dito futuro, esse que até os simples gestos tendem em muda-lo num ritmo que não controlamos, e por vezes torna-nos em meros espectadores de nós próprios.

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  2. Não vou falar sobre o texto enquanto texto - que, já o sabes, está incrível como sempre - mas sobre o que me parece que é: "uma folha de papel que não pode ser escrita". E a primeira que me apetece fazer é pedir-te desculpa por ter-te pedido para a escreveres. Escrever para ti é passar exactamente o que sentes e nem sempre consegues estar para isso. È verdade que podes crescer, mas acho que deve ser quando o sentes de livre e espontânea vontade. Pelo texto, não consigo perceber o que te atormenta, mas não me perdoo se fui eu quem te precipitou a descer três degraus. Podes ter a certeza; agora, também voltava atrás. E não mais o vou fazer.
    (tens razão, os ses são horríveis; mas estaria melhor se... Desculpa ser tão chato.)
    *

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