Lembro-me do primeiro salto que dei, das primeiras atitudes em que senti que o foco esteve apontado para mim, em que os que mais admiro me admiraram também e em que se formou a primeira ilustração daquilo que há tanto esboçava dentro da minha cabeça.
Nos dias em que penso que podia ter usado mais forças, em que podia ter sido menos egoísta e ter arriscado mais, nos dias em que alguém me diz que podia ter sido melhor nada se liga, nada reage. Nesses dias, o silêncio apaga a minha voz. Mas a voz do silêncio é a que diz as maiores verdades, a que fala mais alto e que consegue chegar até ao fundo da sala mais longa que tenho dentro do meu coração. Ele escuta, reprova e cria o seu próprio escudo - sabe que está errado, que nesse dia errou. Que naquele exacto momento devia ter dito não e que no momento a seguir devia ter chegado ao tecto mais alto da sala mais comprida. Os dias em que este silêncio me consome de uma forma arrogante são dias que guardo nas páginas finais, que abomino, páginas que apenas guardam a força e coragem para o próximo dia menos bom que chegar.
Hoje, é um dia em que me apetece dizer palavras estúpidas, gritar com toda a gente, berrar comigo, morder quem me tentar contrariar e ser a pessoa mais orgulhosa do mundo. É um dia em que pouco me passa ao lado, tudo me irrita e toda a gente está contra mim. Há dias assim, e dias como estes fazem-me sentir como nova no dia seguinte. Faz-nos mal ter todos os dias pintados de cor-de-rosa, só com coisas boas, só com sorrisos. Hoje, não choro, bem pelo contrário, tenho vontade de não agir como devo, apetece-me quebrar regras, ser presa e fugir.
dia à parte
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Diz palavras estupidas, grita-as. Berra, morde. Zanga-te com os que te contrariam.
ResponderEliminarO que tens aí dentro é belo e único, porque é só teu. Mesmo sendo preciso gritá-lo, mesmo que seja estupido.
É uma necessidade porque tal como disseste, os dias nao podem ser todos bons, aqueles pintados de cor-de-rosa. Alivia a tua consciencia.
Mas nao fujas.
Inês A *
quebrar as regras? a maria miguel nunca faz isso (A)
ResponderEliminarO arrendimento tantas vezes surge-nos como uma flexa bem lançada ao pensamento. é inevitavel pensar nos «ses», porem não-saudavel.
ResponderEliminarQuebrar as regras por vezes é bom, fugir do habito do certo que fazemos diariamento e nunca somos aplaudidos por tal. Ir contra também revitaliza a alma, isto, sem exageros claro.
Gostei bastante, Beijinhe. *
também gosto de David Fonseca, comprei o dvd dele. enquanto estava a ver, deparei-me umas quantas vezes com uma pessoa familiar, alguem que eu já conhecia de vista. esse alguém eras tu. e se não eras, juro-te que é alguém muito parecida contigo. :o
ResponderEliminarconheço-te de vista do Liceu. no outro dia passei no hi5, eu fui passando pelo pessoal da escola até que apareceu o teu e me trouxe ao teu blog. x)
peço desculpa por te ter feito criar uma conta no flickr. x)
beijinho *
Texto. Palavras. Sentimentos. Luz. Nevoeiro. Medo. Preguiça. A vida a passar à frente dos olhos. Comprimidos.
ResponderEliminarAinda hoje ainda a discutir com o meu irmão. E só me apetecia manda-lo à merda no meio do MCDonald. Mas não o fiz. Controlei-me. ^^
Abraça o dia tal como ele é. =)
O silêncio é sempre melhor, nele, podias dizer tudo. Quando falas, só dizes uma coisa e, mesmo assim, pode não ser o que disses-te.
ResponderEliminarFernando Pessoa